Repertorium

"Blogue de notas" da unidade curricular de Análise de Fonogramas e Eventos da Licenciatura em Música variante Produção e Tecnologias da Música, da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, do Instituto Politécnico do Porto. Um Moleskine virtual cujo tema é "O mundo da música e as músicas do mundo". Orientação do Professor Mário Azevedo

domingo, janeiro 27

La Tarantella – Antidotum Tarantulae


O período Barroco foi fértil no campo musical. No entanto, os italianos não se entusiasmavam com as severas regras do contraponto e pelo melancólico devaneio polífono. A forma era importante, mas não a parte essencial. O que se impunha era a essência, a musicalidade, a paixão de uma melodia. As tarantellas bebem desta paixão.

Em “La Tarantella – Antidotum Tarantulae”, as fronteiras estilísticas esbatem-se. O novo e o antigo coabitam numa profusão de sons, que inundam os sentidos. É a redescoberta da música popular da Renascença e do Barroco num registo extraordinariamente rico, apresentando todas as peculiaridades culturais que são propostas em torno da temática da Tarantella original.

Ritmos hispânicos, mantidos no folclore sul-americano, sonoridades russas, canções ciganas, harmonias simples que se repetem ciclicamente e sobre as quais se improvisa dão um toque de contemporaneidade a canções e músicas escritas há vários séculos.

La Tarantella – Antidotum Tarantulae” é executado pelo agrupamento L’Arpeggiata, um ensemble de música barroca, dirigido pela harpista Christina Pluhar.

Fundado em 2000, conta já com mais de 200 000 discos vendidos, sendo constituído por excelentes executantes de instrumentos do Barroco. É frequente serem convidados para as suas obras os mais extraordinários cantores do Barroco e da música tradicional mundial.

L’Arpeggiata apresenta-se nos melhores festivais internacionais de música Barroca e Antiga.

A Alpha-prod - etiqueta que edita “La Tarantella – Antidotum Tarantulae” - é uma pequena editora francesa criada em Paris, em 1999, que tenta apresentar cada produção sua como um objecto único. Considerada “Classical Label of the year 2005”, pela imprensa internacional, no seu catálogo pode-se encontrar magníficos registos de música Antiga e Barroca.
Ficam aqui dois trechos do disco “La Tarantella – Antidotum Tarantulae”:

LaCarpinese

Sogna fiore mio



Em alternativa à escuta online podem optar por descarregar os ficheiros áudio (em mp3): "La Carpinese" e "Sogna fiore mio"

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segunda-feira, janeiro 14

La Tarantella

Em 1630, em pleno Barroco[1], uma estranha doença, chamada Tarantismo (ou “Tarantulismo”), atacou a Itália. A causa foi atribuída a uma mordida de uma espécie de aranha – a Tarântula[2]. Os sintomas alternavam entre exaltação e prostração. Com o fito de curar o paciente, e livrar-se da mordida, era necessário imitar a dança da tarântula, segundo um ciclo coreutico-musical bem definido, identificar-se com a aranha e forçá-la a dançar até que se esgotasse, fazendo-a perecer. Para isso compuseram-se as Tarantellas - canções e danças que tentavam criar um estado de transe no paciente, de modo a que este “expulsasse” o veneno através da transpiração.

Esta forma de “cura” tem raízes na catarse musical, proposta pelos pitagóricos, e nos ritos dionisíacos das melodias das bacantes, descritos por Plutarco e por outros autores da Grécia antiga.

Na realidade, as Tarantellas são um fenómeno histórico-religioso, um mundo de lenda, de dor e alegria que dura há séculos[3], e que caracterizou a Itália meridional, em particular a província de Puglia, no final da Idade Média, e que teve grande popularidade até ao século XVIII. A partir daqui, entrou em declínio, sobrevivendo apenas nalgumas partes da Península Salentina.

[1] O período Barroco é uma das mais extensas épocas musicais da música ocidental. Fecunda, revolucionária, importante e, provavelmente, também a mais influente, caracteriza-se pelo uso do baixo contínuo, do contraponto e da harmonia tonal.
[2] Esta designação tem origem em Taranto, uma pequena cidade do sul da Itália, onde estes insectos existiam em grandes quantidades.
[3] A análise mais atenta do fenómeno do tarantulismo foi efectuada pelo antropólogo Ernesto De Martino, que efectuou um estudo em Salento, Itália, juntamente com um sociólogo, um psicólogo, um musicólogo e um psiquiatra. As investigações, os encontros com as tarântulas e os resultados levaram à publicação, em 1961, do livro "La Terra Del Rimorso".

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quarta-feira, janeiro 2

Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - I

O Barroco em Portugal

O filósofo e historiador de arte suíço Jacob Burckhardt (1818-1897) foi o primeiro a usar o termo «barroco» [1], no sentido de «bizarro», «irregular», tendo o termo sido absorvido pela linguagem da história da arte.

O Barroco foi uma corrente estética que floresceu na Europa, aproximadamente entre 1600 e 1750. Caracterizado por uma grande expressividade, exuberância e dinamismo de linhas, representou um papel importante na contra-reforma católica [2]. A arte barroca recorreu a efeitos muito elaborados, de modo a apelar directamente às emoções dos espectadores das obras, particularmente nas vertentes da arquitectura da música e da arte sacra.

Em Portugal o período Barroco não coincide exactamente com o do resto da Europa. Os reinos de Portugal e de Espanha tornaram-se baluartes da contra-reforma católica tendo a Companhia de Jesus sido uma força líder, com grande intervenção nas sociedades ibéricas. Esta influência caracterizou-se, também, no desenvolvimento do Barroco português. Entre 1580 e 1640, Portugal esteve sob o domínio castelhano – devido à crise que teve origem no desaparecimento do rei D. Sebastião, na batalha de Alcácer Quibir, em 1578. Este período é classificado como Maneirista. Há quem considere, mesmo, que o Barroco português é uma extensão do maneirismo, cujos princípios estavam ligados ao Concílio de Trento, ou seja, maioritariamente religioso. As igrejas apresentam, geralmente, a mesma estrutura, ou seja, fachadas simples, decoração contida (exceptuando talvez o altar-mor), planta rectangular. Estas eram as características que marcavam os princípios austeros e rígidos da igreja e do poder régio. Alguns eruditos chamam-lhe o Barroco Severo.

Pode-se balizar o Barroco português entre finais do século XVI, e um princípio do fim desta época a partir de 1756, altura da reconstrução de Lisboa pela mão do Marquês de Pombal [3], no reinado de D. José I. Outros factores também contribuíram para o término do período Barroco em Portugal, entre eles a expulsão dos Jesuítas de Portugal, em 1759. No último quartel do século XVIII, a arquitectura portuguesa começou a ser dominada pelo neoclássico.

O período anterior a 1640 foi dominado, na arquitectura portuguesa, pelo Estilo Chão [4], que dominou até à descoberta de ouro no Brasil, em 1693, o que permitiu uma expansão do Barroco em Portugal.

Na arquitectura, o Barroco foi acompanhado por um outro estilo - o Rococó - que pode ser observado em muitas igrejas deste período.

[1] O termo Barroco quer dizer, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, “pérola de superfície irregular”, existindo quem afirme que este termo é de origem portuguesa.

[2] A contra-reforma foi um movimento iniciado pela igreja católica no concílio de Trento (1545-1563) para cercear o alastramento da Reforma Protestante. Prolongando-se pelo século XVII, os seus principais trunfos foram o crescimento dos jesuítas como grupo educativo e missionário e a utilização da Inquisição na Europa e nas Américas.

[3] Sebastião José de Carvalho e Melo – Marquês de Pombal – foi Secretário de Estado do Reino (primeiro-ministro) entre 1750 e 1777.

[4] Estilo Chão (plain architecture, em inglês) é uma expressão que se refere a um estilo arquitectónico português marcado pela austeridade das formas. O termo foi criado pelo teórico americano George Kubler, para definir este estilo como uma "arquitectura vernácula, mais relacionada com as tradições de um dialecto vivo do que com os grandes autores da Antiguidade Clássica". O Estilo Chão teve início no reinado de D. João III (1502-1557) e trata-se de uma atitude arquitectónica tipicamente portuguesa, nascida da tentativa de preservação da identidade nacional, num período de crise política, económica e social.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - II

O órgão

O órgão é, indiscutivelmente, o instrumento da música sacra, tendo lugar de destaque na liturgia cristã. A Igreja Católica reafirmou no Concílio Vaticano II a excelência do órgão na tradição musical e nos actos de culto divino: «Tenha-se em grande apreço na Igreja latina o órgão de tubos, instrumento musical tradicional e cujo som é capaz de dar às cerimónias do culto um esplendor extraordinário e elevar poderosamente o espírito para Deus.» (Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium artigo nº 120).

O órgão é o um instrumento musical classificado pela organologia como aerofone munido de teclado. O som é produzido pela passagem de ar através de tubos sendo este fornecido por um fole e reencaminhado para o respectivo tubo do registo e da nota que se quer fazer soar.

O órgão foi o primeiro instrumento de teclas. Fruto do seu constante aperfeiçoamento técnico ao longo dos séculos, tornou-se no mais complexo instrumento musical. As suas dimensões são muito variáveis, indo desde um pequeno órgão de móvel até órgãos enormes quase do tamanho de habitações. O órgão tem, habitualmente, dois teclados (ou manuais), podendo o seu número chegar a sete. Cada teclado é definido por um nome: grande órgão, positivo, recitativo, ecos, bombarda. A extensão de cada teclado costuma ser de aproximadamente cinco oitavas, variando entre 54 e 61 teclas, sendo munido de uma pedaleira.

Junto ao músico encontra-se a consola, local onde estão os teclados e os registos. A consola está muitas vezes separada do resto do instrumento. Quando um músico puxa um registo, acciona um conjunto de tubos com o mesmo timbre, dispostos numa ou mais filas, e correspondendo a todas as notas de um dos teclados. Por norma, cada teclado controla 5 a 6 registos separados e a pedaleira comanda 2 a 5.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - III

Órgãos no Barroco português

Desde o século XVI que existem vários tipos de órgãos que acompanhavam a liturgia católica. No entanto, foram poucos os instrumentos que chegaram até ao século XXI, dado que muitos foram substituídos por órgãos cada vez maiores, apenas existindo relatos dos que existiram anteriormente.

Há quatro tipos de órgãos típicos do Barroco: o Portativo (ou portátil), o Realejo (também portátil), o Positivo e o Ibérico.

O Portativo é um órgão pequeno e, como o seu nome indica, fácil de transportar, de uso muito corrente no século XIV, nomeadamente nas procissões, nas quais era transportado pelo próprio músico que tocava (com a mão direita) e accionava o fole (com a mão esquerda) em simultâneo.
O Realejo foi muito utilizado nos séculos XVI e XVII, tendo a curiosidade de ser munido de palhetas livres e não de tubos.

O Positivo (etimologicamente de pousar), é um órgão com poucos registos e normalmente sem pedaleira que, como uma peça de mobiliário, tinha a facilidade de ser deslocável.

O Ibérico é um órgão de características regionais relativas ao ideário estético da escola de organaria ibérica, cultivado em Portugal e Espanha desde o séc. XVI. Estes instrumentos possuem apenas um só manual (embora existam instrumentos com dois, mas são raros) que se encontra dividido em duas secções (tiples e baixos). O número de teclas é inferior ao dos órgãos modernos, cifrando-se muitas vezes em 45, 47 ou 54 notas. As trombetas dispostas na horizontal são a principal característica do órgão ibérico.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - IV

Órgãos do Barroco na cidade invicta

Embora os templos católicos barrocos sejam muitos na cidade do Porto, são poucos os órgãos do período Barroco que chegaram até ao século XXI. Muitos dos órgãos dos séculos XVI, XVII e XVIII, existentes nas Igrejas da cidade Invicta, deram lugar a órgãos maiores, construídos, principalmente, no século XIX.

Alguns dos órgãos da cidade do Porto, do período 1600-1750, não funcionam, precisando de reparações urgentes.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - V

Órgãos da Sé do Porto

A Catedral da Sé do porto foi sofrendo alterações com o passar dos tempos, por isso não é de estranhar que se encontrem traços de arquitectura românica, gótica, maneirista e barroca. O início da sua construção remonta ao século XII.

A igreja da Sé do Porto possui três órgãos do período Barroco: um na Capela de S.Vicente e dois na capela-mor – um do lado da Epístola e outro do lado do Evangelho.

Existem registos que já em 1537 foi efecuada uma escritura com Heitor Lobo, para execução de um órgão para o novo coro-alto e em 1540 refere-se um pequeno órgão do presépio que estaria na Capela de Nossa Senhora do Presépio. Já em 1602 existem referências documentais mencionando a existência de um órgão na galeria superior da charola, tendo em meados do século XVII sido colocado na capela-mor um órgão do lado do Evangelho tendo sido substituídos no século XVIII por dois novos órgãos da autoria do Padre Manuel Lourenço da Conceição.

Na capela-mor, os dois órgãos existentes são em talha dourada, de três castelos, com central proeminente, flautados, rematado por panejamento com cartela central em forma de coração em torno da qual se desenvolvem enrolamentos. Os castelos são delimitados por pilastras rectangulares, ornadas com motivos fitomórficos. Todo o conjunto, é encimado por fragmentos de frontão de volutas com anjos músicos, e ao centro uma mísula apoiada em enrolamentos suportando um anjo músico coroado.

Na Capela de S.Vicente existe um órgão construído em 1730, a que se atribui a autoria ao Padre Manuel Lourenço da Conceição.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - VI

Órgão da Igreja dos Carmelitas

A da Igreja dos Carmelitas é uma Igreja conventual maneirista de planta em cruz latina abobadada, com nave única precedida por nártex e fachada de composição clássica, com os típicos três arcos de entrada e remate em frontão triangular com brasão da Ordem religiosa. Elementos decorativos no interior: talha dourada barroca e rococó. Foi concluída em 1628.

No lado da Epístola está montado um órgão ibérico, provavelmente construído no século XVIII, não tendo sido encontrados registos de quem foi o seu construtor.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - VII

Órgão da Igreja de S. Bento da Vitória

A Arquitectura da Igreja de S. Bento da Vitória é maneirista e barroca. O convento é em estilo maneirista com igreja cruciforme, de nave única precedida por galilé, capelas colaterais intercomunicantes e abóbada de berço em caixotões, e dois claustros. Capelas com retábulos de talha dourada de estilo nacional e joanino.

Em 1662 foi construído um órgão no coro-alto da autoria de Frei Domingos de São José Varela, que foi substituído em 1722 por um novo no lado do Evangelho, este órgão de tubos é em talha, e está fronteiro a um outro idêntico, mas mudo.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - VIII

Órgão da Igreja de S. João Novo

A Igreja de S. João Novo teve início no século XVI tendo uma arquitectura maneirista e barroca. A Igreja conventual é maneirista de planta cruciforme, nave curta com capelas intercomunicantes e transepto inscrito. Frontões rectos e curvos interrompidos decoram a fachada. Retábulo-mor de talha dourada, de estilo joanino.

O órgão de tubos está situado no lado do evangelho tendo a sua construção acontecido no século XVIII, sendo o seu autor desconhecido.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - IX

Órgão da Igreja de S. Francisco

A arquitectura da Igreja de S. Francisco é gótica e barroca. Igreja conventual em gótico mendicante com planta em cruz latina, 3 naves escalonadas de 4 tramos, definidos por arcos quebrados sobre pilares cruciformes, cobertas em madeira, transepto saliente e cabeceira tripla de planta poligonal e abóbada de nervuras também escalonada, interiormente revestida a talha joanina rocaille, com particular destaque para o arco cruzeiro, transepto e capela-mor.
Planimetricamente tem muitas semelhanças com a Igreja de Leça do Balio. Os arquilhos ou lóbulos ultrapassados do portal têm características múdejares, apesar da fundação ser gótica.

A Igreja possui um órgão que foi adjudicado em 15 Abril de 1731 com o Padre Manuel Lourenço da Conceição. O órgão está situado no Coro Alto, do lado da epístola.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - X

Órgãos da Igreja de Santa Clara

A Igreja de Santa Clara teve começou a ser construída em 1416, sofrendo intervenções ao longo dos tempos, pelo que não é de estranhar que se encontrem traços de uma arquitectura, gótica, renascentista e barroca. É uma Igreja de convento feminino com planta longitudinal e nave única, ocultando a sua estrutura primitiva sob decoração barroca. Todo o Interior está coberto de talha dourada.

Possui dois órgãos ibéricos cujo autor é desconhecido, mas que terão sido construídos ainda antes de Agosto de 1630 – data que é referenciada no livro de despesas um conserto dos órgãos, tendo sido pago ao organista 4 mil reis.

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Órgãos do Barroco na Cidade Invicta - XI

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de - Baroque Organ-Cases of Portugal. Fritz Knuf n. v. Amsterdam, 1972.
BRANCO, João de Freitas - História da Música Portuguesa. 3º ed. actualizada. Lisboa: Europa-América, 1995.
BRITO, Manuel Carlos de - CYMBRON, Luísa - História da Música Portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, 1992.
HENRIQUE, Luís L. – Instrumentos Musicais. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006
SANTOS, Martins dos – A Música em Portugal. Trabalho em A4, 1999

Bibliografia online

Centro de Informação da Música Portuguesa
Fonoteca Municipal de Lisboa
Meloteca, sítio de música e artes
Música Antiga
Porto Cidade Invicta
IPAR
Porto XXI
Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais

Discografia

VÁRIOS – The best of Handel. Naxos Records, 1993.
HURTFORD, Peter – J.S. Bach, Famous Organ Works. Decca Record Company Limited, 1987.
LIMA, Irene; PÓVOA, Manuel; CASTRO, Ana Mafalda – António Vivaldi, Jean Baptiste, Brévalluigi Boccherini. Numérica – Editora Discográfica, 1997.

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