O termo Jazz apareceu em 1912, e nada tinha a ver com música, sendo uma palavra informal que servia para descrever algo de forma exagerada. Só em 1915 é que passou a referenciar um tipo de música que começava a surgir, nessa época, em Chicago. Embora o Jazz de New Orleans fosse anterior ainda não estava associado a esta denominação.
Este estilo musical remonta à década de 1890, e é um produto genuinamente norte-americano, sendo o resultado da idiossincrasia entre as culturas africana e europeia. Nascido dos blues, das canções de trabalho dos negros norte-americanos, dos espirituais negros protestantes e do ragtime, o Jazz passou por uma extraordinária sucessão de transformações no século XX, reinventando-se e dando origem a vários géneros musicais. Uma corrente de pensamento afirma que «o Jazz não é o que se toca, mas sim como se toca».
Dois elementos são absolutamente necessários ao Jazz: o swing e a improvisação. Fazer Jazz significa assumir um risco - o risco de se confrontar com o silêncio e preenchê-lo com um discurso inédito e próprio ou, como afirmava Charles Mingus Jr.
[1], «o risco de ser um compositor instantâneo».
O conceito de improvisação, em si, é simples de ser entendido, embora, na prática, sejam necessários anos e anos de dedicação para se executar em tempo real, variações em torno de um tema, uma sequência de acordes, alguns intervalos melódicos, uma tonalidade. As variações têm uma longa tradição na música clássica ocidental: grandes compositores escreveram ciclos de variações, explorando até o limite o potencial de seus temas. Na Renascença era habitual tomar como tema uma canção popular e fazer variações sobre ela. Isto era chamado na Inglaterra de divisions on grounds e na Espanha de diferencias sobre bajos ostinados. Os instrumentistas, que frequentemente eram também compositores, competiam entre si, cada um tentando exceder os rivais em virtuosismo. Tal como as variações, a improvisação não é uma invenção moderna. Bach era um improvisador nato (improvisava fugas, sendo que a fuga é a forma mais estruturada e complexa de toda a música). Se Bach tivesse nascido no século XX, sem dúvida seria um jazzman. Na Renascença já havia o costume de se apresentar peças de carácter improvisado e de forma totalmente livre, denominadas fancies (em inglês) ou fantasias (em castelhano), nas quais o executante dava largas à sua imaginação.
Definir o swing já não é tão fácil. Trata-se de algo que engloba o fraseado, o ritmo e o ataque das notas. O swing não se escreve numa partitura, por mais detalhada e precisa que seja a notação. Uma definição é dada por André Francis, no seu livro Jazz: «tocar com swing, swingar, significa trazer à execução de uma peça um certo estado rítmico que determine a sobreposição de uma tensão e de um relaxamento». Esta é a dialéctica do swing, por assim dizer: dar flexibilidade a um ritmo, dar balanço a uma frase e, no entanto, manter a precisão e preservar a essência da música.
Charles Mingus Jr. caractirizava o swing desta forma: «vamos partir de uma música na qual os tempos estão precisamente definidos. Em seguida delimitamos um "halo", uma pequena região ao redor da posição original de cada nota: a nota, agora, pode cair em qualquer ponto dessa região, a critério do executante»
[2]. A música como um todo, portanto, oscila dentro dessas regiões de "incerteza". É importante que o âmbito dessas pequenas regiões não ultrapasse aquele ponto no qual o ritmo deixa de ser swing, para se tornar impreciso.