Repertorium

"Blogue de notas" da unidade curricular de Análise de Fonogramas e Eventos da Licenciatura em Música variante Produção e Tecnologias da Música, da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, do Instituto Politécnico do Porto. Um Moleskine virtual cujo tema é "O mundo da música e as músicas do mundo". Orientação do Professor Mário Azevedo

segunda-feira, outubro 30

Carlos Bica e Azul de volta

O contabaixista Carlos Bica, o baterista Jim Black e o guitarrista Frank Mobius são Azul - Uma formação que já tem 15 anos, tendo o seu nome derivado da primeira obra, e que agora lançou o seu segundo disco, «Believer».
O álbum foi apresentado ao vivo, na passada quarta-feira, no Rivoli do Porto e no Sábado (ante-ontem) no Auditório dos Oceanos, em Lisboa.
O concerto do Rivoli foi interessante já que foram tocadas peças do antigo e do novo disco. O CD apresenta sonoridades intensas e, ao mesmo tempo, suaves. A escutar com atenção.

quarta-feira, outubro 25

The Sidewalks of New York

Os sons de The sidewalks of New York: Tin Pan Alley, editado pela Winter & Winter, coloca-nos num tempo e num lugar: Nova Iorque em finais do século XIX, início do século XX. Quantos discos existirão que nos coloquem num tempo e num lugar?


Uri Caine apresenta-nos a sonoridade da América cosmopolita. Uma mistura de harmonias que podiam ter sido escutadas num qualquer pub de Nova Iorque numa ode à memória da imigração dos primeiros anos do século XX e à Tin Pan Alley.

Em escuta: Too Much Mustard

sexta-feira, outubro 20

O que é a música? - I

A questão “o que é a música?” poderia ter tantas respostas diferentes quantos seres humanos existem. «Muitos o tentaram, mas a ninguém foi dado até agora dizer o que é realmente a música. A sua origem, essência e actuação não podem reduzir-se a um denominador comum. E assim deve ser. Arte é sempre alguma coisa de inacessível» (1). E a música também é a arte de combinar sons.
O conceito do que é música pode ter diversas definições. Muitos tentaram impor o seu ponto de vista sobre o que ela realmente é. Para uns, a música não é mais do que sons ligados entre si por leis matemáticas simples, susceptíveis de serem designados por uma nota musical, devido a serem vibrações periódicas com altura definida. Para outros, música é tudo o que lhes proporciona prazer através da audição, nem que sejam vibrações não periódicas, numa mistura de frequências muito complexas a que outros, normalmente, chamam de ruído. A percepção do que é música varia de indivíduo para indivíduo e depende muito da cultura onde este está inserido, do grau académico, do meio que o rodeia, etc.
O fenómeno musical não pode ser compreendido apenas pelos elementos sonoros, mas também pelas características e circunstâncias de quem o produz e de quem o ouve. A música é um reflexo das condições em que se desenvolvem as sociedades e a actual, bastante mediática, em que a informação produzida por uma pessoa num ponto do planeta está imediatamente à disposição de outra em qualquer lugar do globo, deu novas definições à música. A multiculturalidade que caracteriza o mundo contemporâneo alterou significados e tradições e isso tem efeitos na produção musical.
A definição do que é música é sempre muito subjectiva e temos tendência para afastar, e mesmo negar, sonoridades estranhas. O crítico brasileiro J. Jota de Moraes, na sua obra O que é música, afirma que «cada um de nós costuma emprestar tanta importância à música que ouve mais frequentemente, que acaba por tender a não encarar como música, como significação, a actividade musical do vizinho, quer este more ao lado, quer ele viva na Polinésia. (E) Isso é uma atitude (...) cultural»(2).
A resposta a “o que é a música?” varia de pessoa para pessoa. Um cientista, provavelmente, responderia «um conjunto de vibrações de corpos elásticos, contínuas e isócronas, apreciáveis ao ouvido»; um homem da igreja talvez respondesse «um louvor a Deus»; um bailarino poderia dizer «o que me compele a dançar»... A definição para o fenómeno musical foi sempre muito variada e ilusória. O crítico musical Eduard Hanslick (1825-1904) disse que «música é forma sonora em movimento». O filósofo Liebniz (1646-1716) definiu-a como «um exercício secreto de aritmética, feito pelo espírito, inconsciente do que está a contar». O Maestro Leonard Bernstein (1918- 1990), no livro “O mundo da música”(3), afirmou que definir “o que é a música” «é quase como tentar explicar um capricho da natureza (partindo do princípio que isso é possível)». O musicólogo Walter Panofsky escreveu, na obra Auch du vertehst Musik (Também tu entendes a música), que «a música no fundo não é outra coisa senão matemática»(4).
Assim sendo, a música é a linguagem universal.

(1) PANOFSKY, Walter – Também tu entendes a música. Porto : Livraria Fernando Machado, 1961.
(2) MORAES, J. Jota. O Que é Música. São Paulo : Editora Brasiliense, 1983.
(3) BERNSTEIN, Leonard – O mundo da Música, os seus segredos e a sua beleza. Lisboa : Livros do Brasil, 1954.
(4) PANOFSKY, Walter – Também tu entendes a música. Porto : Livraria Fernando Machado, 1961.

quinta-feira, outubro 19

Instrumentos experimentais

Uma melodia soará com qualquer objecto. Este poderia, talvez, ser um aforismo do Orbitones Spoon Harps & Bellowphones. As músicas dos vários artistas, que foram escolhidos para esta compilação, soam estranhas a um ouvido menos atento.
A brochura de 96 páginas caracteriza os inventores dos estranhos instrumentos usados, quase todos acústicos, e os compositores. Este é um disco que, como diria Fernando Pessoa se o pudesse escutar, «primeiro estranha-se e depois entranha-se».
Alguns samplers podem ser escutados no site da editora Tower Records.

segunda-feira, outubro 16

Trautonium: o instrumento fascinante de Oskar Sala

A partir de finais do século XIX, a indústria musical desenvolveu-se de várias formas. A música passou a poder ser registada de forma mecânica e escutada posteriormente, a electricidade permitiu que aparececem novos instrumentos ou que instrumentos tipicamente acústicos ganhassem novas sonoridades.
Dos vários instrumentos eléctricos do século XX, o Trautonium é um dos primeiros e um dos mais interessantes. O Trautonium original (houve várias versões posteriores, como o Volkstrautonium, o Rundfunktrautonium, o Mixturtrautonium, etc.) foi construído em 1930, por Friedrich Trautwein (1888-1956), professor de "Acústica Musical" que trabalhava no Rundfunkversuchstelle* de Berlim, Alemanha. Oskar Sala (1910-2002) tornar-se-ia o primeiro instrumentista a tocar publicamente um Trautonium no Festival Of New Music in Berlin.
No site da Erdenklang Musik pode encontrar-se a discografia de Oskar Sala que é composta por três discos : Elektronische Impressionen, Subharmonische Mixturen e My Fascinating Instrument. O site permite a escuta de samplers.

*Rundfunkversuchstelle - «Estação de Testes de Radiodifusão». O Trautonium foi concebido para fazer testes áudio do novo medium do século XX: a Rádio.

domingo, outubro 15

Novas aventuras de Sting

Sting, ex-vocalista / baixista do grupo pop “The Police”, já passou por várias fases musicais na sua carreira. Agora, surge uma aventura no universo musical de John Dowland (1563/1626). Songs from the Labyrinth é o mais recente trabalho do cantor, que nos apresenta melodias do século XVII.
Esta incursão de Sting na música barroca deve-se ao actor John Bird, que, na década de 1980, sugeriu a Sting a obra de John Dowland. Em Songs from the Labyrinth, Sting é acompanhado instrumentalmente por Edin Karamazov, um virtuoso do Alaúde.
A Deutsche Grammophon e o site oficial do cantor disponibilizam algumas faixas do disco para escuta.

sábado, outubro 14

Sobre este blogue

Repertorium é um blogue de Jorge Guimarães Silva, de apoio ao módulo de "Reportório", da disciplina de “Análise e Reportório”, do curso de Produção e Tecnologias da Música, da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, do Instituto Politécnico do Porto.
Este espaço irá sendo actualizado com uma periodicidade irregular e cujo tema é “O mundo da música e as músicas do mundo”.

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