A questão “o que é a música?” poderia ter tantas respostas diferentes quantos seres humanos existem. «Muitos o tentaram, mas a ninguém foi dado até agora dizer o que é realmente a música. A sua origem, essência e actuação não podem reduzir-se a um denominador comum. E assim deve ser. Arte é sempre alguma coisa de inacessível»
(1). E a música também é a arte de combinar sons.
O conceito do que é música pode ter diversas definições. Muitos tentaram impor o seu ponto de vista sobre o que ela realmente é. Para uns, a música não é mais do que sons ligados entre si por leis matemáticas simples, susceptíveis de serem designados por uma nota musical, devido a serem vibrações periódicas com altura definida. Para outros, música é tudo o que lhes proporciona prazer através da audição, nem que sejam vibrações não periódicas, numa mistura de frequências muito complexas a que outros, normalmente, chamam de ruído. A percepção do que é música varia de indivíduo para indivíduo e depende muito da cultura onde este está inserido, do grau académico, do meio que o rodeia, etc.
O fenómeno musical não pode ser compreendido apenas pelos elementos sonoros, mas também pelas características e circunstâncias de quem o produz e de quem o ouve. A música é um reflexo das condições em que se desenvolvem as sociedades e a actual, bastante mediática, em que a informação produzida por uma pessoa num ponto do planeta está imediatamente à disposição de outra em qualquer lugar do globo, deu novas definições à música. A multiculturalidade que caracteriza o mundo contemporâneo alterou significados e tradições e isso tem efeitos na produção musical.
A definição do que é música é sempre muito subjectiva e temos tendência para afastar, e mesmo negar, sonoridades estranhas. O crítico brasileiro J. Jota de Moraes, na sua obra O que é música, afirma que «cada um de nós costuma emprestar tanta importância à música que ouve mais frequentemente, que acaba por tender a não encarar como música, como significação, a actividade musical do vizinho, quer este more ao lado, quer ele viva na Polinésia. (E) Isso é uma atitude (...) cultural»(2).
A resposta a “o que é a música?” varia de pessoa para pessoa. Um cientista, provavelmente, responderia «um conjunto de vibrações de corpos elásticos, contínuas e isócronas, apreciáveis ao ouvido»; um homem da igreja talvez respondesse «um louvor a Deus»; um bailarino poderia dizer «o que me compele a dançar»... A definição para o fenómeno musical foi sempre muito variada e ilusória. O crítico musical Eduard Hanslick (1825-1904) disse que «música é forma sonora em movimento». O filósofo Liebniz (1646-1716) definiu-a como «um exercício secreto de aritmética, feito pelo espírito, inconsciente do que está a contar». O Maestro Leonard Bernstein (1918- 1990), no livro “O mundo da música”(3), afirmou que definir “o que é a música” «é quase como tentar explicar um capricho da natureza (partindo do princípio que isso é possível)». O musicólogo Walter Panofsky escreveu, na obra Auch du vertehst Musik (Também tu entendes a música), que «a música no fundo não é outra coisa senão matemática»(4).
Assim sendo, a música é a linguagem universal.
(1) PANOFSKY, Walter – Também tu entendes a música. Porto : Livraria Fernando Machado, 1961.
(2) MORAES, J. Jota. O Que é Música. São Paulo : Editora Brasiliense, 1983.
(3) BERNSTEIN, Leonard – O mundo da Música, os seus segredos e a sua beleza. Lisboa : Livros do Brasil, 1954.
(4) PANOFSKY, Walter – Também tu entendes a música. Porto : Livraria Fernando Machado, 1961.